ATÉ MAIS, MEU PAI

"É melhor ir a uma casa onde há luto do que a uma casa em festa, pois a morte é o destino de todos; os vivos devem levar isso a sério!" Eclesiastes 7: 2

Por que vivemos como se não fossemos morrer? Ou como se não fosse morrer quem amamos?

Por que nos escusamos de estender a mão, de abraçar, de sorrir e chorar junto? Por que nos escusamos de amar, ou mesmo de dizer que amamos se amamos?

De fato Salomão tem razão, só quando chega a morte é que refletimos na vida. E agora por que abraçar se quem amamos não se aquece com nossos braços, nem sente o calor de nosso carinho? Por que dizer que ama, se quem amamos não ouvirá nossa declaração? E o choro? Nessa hora ele soa tão egoísta. Mas como conter uma enchente? Como dizer ao coração não chore? Só restam as lagrimas agora.

Ah! Como eu queria poder fazer com a vida como faço com meus textos, se não gostei de algo, deleto, reformulo, reescrevo. Mas não pode ser assim. A vida é escrita a máquina de datilografia e não a computador.

Hoje eu queira ter te abraçado mais o meu pai, sorrido mais contigo, chorado mais contigo e não somente chorar por ti. Mas a vida quase nos impõe que não pensemos na morte, e se isso não serve de desculpa, ao menos serve de consolo.

E agora que o senhor se vai meu pai, que posso ainda dizer? Nada mais. O que posso é desejar que o Altíssimo te abrace com fortes e eternos laços de amor, e de te dê o descanso e a paz que te está reservada.

Mas não quero dizer adeus. Não essa palavra não cabe a nós. Um dia estaremos juntos, aí sim, poderemos conversar mais, abraçar mais, sorrir mais, e chorar nunca mais. Fica, então um até mais, num misto de tristeza, consolo, expectativa, certeza e saudade.

Até mais meu pai. Ainda que não ouça, digo, até mais; saiba que estás levando e deixando saudades. E a vida que o senhor me deu, vou tentando levá-la da melhor maneira.

Ah! Minha esposa está grávida, não te disse em Dezembro porque ainda não sabia. A criança vai levar teu sobrenome, vai ter teu sangue, dessa maneira o senhor continuara um pouco vivo em mim e em teu neto(a).

Fica com Deus meu pai, e descansa pois esse mundo te fez sofrer demais.

Seu filho Rovanildo

(e sua Filha Rosângela)