13 Se eu fechar os céus, e não houver chuva; ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra; ou se enviar a peste entre o meu povo;14 E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.
INTRODUÇÃO:
Salomão, filho de Davi e herdeiro de seu trono, realizou o sonho de seu pai, construiu um templo e o dedicou ao Senhor, a partir de então o povo de Israel teria um local fixo e belo para adorar ao Senhor. A festa de consagração foi pomposa, muito louvor, muitos sacrifícios de modo que Deus se agradou com tudo aquilo e se fez presente de maneira tão sensível que os ministrantes não puderam ficar de pé tamanha era a manifestação da glória de Deus naquele lugar (2Cr Capítulo 5).
Na oração de consagração Salomão pede que Deus que tenha misericórdia de Israel, caso no futuro ele se rebele contra o Senhor, algo aparentemente estranho. Como numa solenidade santa e alegre alguém lembra de pecado que porventura venha ainda a acontecer? E o Altíssimo responde que se o povo desviar o seu coração e seus caminhos do Senhor de maneira que venha sobre ele a maldição pelo desobediência, conforme registrada em Deuteronômio 28, e se esse povo se arrepender a cura viria. Parece também estranho que Deus já declare misericórdia a um povo que porventura venha a se afastar dEle mesmo antes disso acontecer.
As aparentes estranhezas do texto nos servem de alerta e consolo. Alerta para que nos lembremos que mesmos nos momentos altos da vida, quando a comunhão com Deus é constante e sólida, quando tudo vai bem na vida, mesmos nesses jardins não devemos esquecer que enquanto na carne somos tentados, enquanto na vida podemos sofrer na sua dinâmica extremos dolorosos, momentos de por quê. Mas aí vem o alento, mesmo nesses momentos de falha de queda, dor, o Senhor nos promete perdão e restauração mediante arrependimento.
Precisa-se desesperadamente de alguém que pregue contra o pecado nesses dias, mas igualmente se precisa de quem fale de misericórdia. Há igrejas em crise, pastores com o ministério frustrado, casamentos desfeitos ou quase desfeitos por causa do pecado de alguém.
Será que Deus ouve o que já caíram?
O texto que lemos mostra que sim, e nele o próprio Deus nos aponta o caminho da Restauração.
DESENVOLVIMENTO
1. VOCÊ AINDA É FILHO DE DEUS
14 E se o meu povo, que se chama pelo meu nome...
Talvez o maior problema do caído seja o complexo de culpa, que gera medo de se apresentar diante do Senhor. Assim como o maior problema dos que têm a vida, der repente, esmagada seja a falta de forças para reação, e se não bastasse a mente e o diabo acusando, maltratando, os que estão a volta são tendentes a agirem muito mais como juízes que como advogados, como no caso de Jó que quando sofria teve naqueles que vieram lhe ajudar, acusadores ferrenhos, ainda que Jó não houvesse pecado.
Nessas horas de depressão, de baixa estima, tudo o que se precisa é ouvir a voz do Senhor dizendo: “Eu ainda te quero, eu não desisto de você, venha para mim, teu pecado quebrou nossa comunhão, mas eu não deixei de ser seu pai, a vida pode parecer pesada demais para você e nessa hora você se sente só, mas eu ainda te quero”. A linda cena da parábola do filho pródigo nos fala disso melhor que mil palavras (Lc 15), o pródigo só queria um emprego, mas o pai queria seu filho de volta. Acaso o Senhor foi o Deus de Davi apenas quando ele matou Golias ou quando derrotava os inimigos? Não continuou o Altíssimo sendo seu Deus quando o rei de Israel pecou contra, adulterando contra a mulher de Urias e o enviando para morrer? Desistiu Jesus de Pedro quando o impetuoso apóstolo fraquejou e o negou? Não. Deus nunca desiste dos seus, Ele diz em sua Palavra que o Justo pode até cair, mas mesmo assim o Senhor o levanta (Sl 37: 23 Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho.24 Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão.).
Esse é o primeiro passo no caminho da restauração; lembrar que se é filho de Deus em Jesus Cristo, que o Senhor não despreza os seus, pois é fiel mesmo em face a nossa infidelidade (2Tm 2:13 - Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.)
2. VOLTE-SE PARA DEUS
14... se humilhar
O pecado é visto na bíblia como egoísmo, ou seja, menos amor a Deus e ao próximo e mais a nós mesmos, foi assim que Adão pecou, querendo deixar de se submeter a Deus e ser igual à Ele ou independente dEle. Quando nos afastamos de Deus dizemos consciente ou inconscientemente, que não queremos nos submeter ao Senhor, por isso a restauração requer humilhação, renuncia de eu, suicídio de ego.
Quando pesamos em humilhação diante de Deus, não devemos imaginar que Deus queira nos massacrar, nos machucar, mas que devemos nos colocar na nossa posição de servos e filhos, e entender a posição de Senhor e Pai que é própria do todo poderoso, João, o Batista foi um exemplo de humilhação, em João 1 quando estava no auge do seu ministério, procurado por todos, quando poderia aproveitar seu status, ele deixou claro no versículo 20: “E confessou, e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo”, e olhando para Jesus disse no versículo 36: “E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus”. E ainda para deixar claro sua posição disse: É necessário que ele cresça e que eu diminua. (3: 30)
Humilhação, prostração, abandono de eu e reconhecimento do Senhorio de Deus, esse é o segundo passo no caminho da restauração (Os 6:1 - Vinde, e tornemos ao Senhor, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida.)
3. BUSQUE A DEUS
14...e orar, e buscar a minha face
Buscar ao Senhor em oração é essencial para se manter a comunhão com Ele. Ora, primeira atitude de quem perde o apreço por outra pessoa é parar de dirigir-lhe a palavra, e não desejar mais a palavra dele. Quando não há oração dizemos que não queremos comunhão com o Amado Deus, assim Ele deixa de ser o Amado e passa a ser o desprezado, por isso há tantos desviados dentro da igreja.
Quando a comunhão já está estragada a melhor maneira de restaurá-la é falando com Deus, se aproximando dEle com sinceridade, como quem quer desesperadamente a Deus. A oração que restaura não é mecânica, formal, recheada de religiosidade, mas é religiosa quando se pensa que se pensa em religião como religação com Deus (Jr 29:13 - E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.). Essa oração sincera agrada a Deus e o “conquista”. Davi a despeito de ser pecador foi chamada de o homem segundo o coração de Deus, ele sabia que o Misericordioso não despreza um coração contrito e quebrantado. (Sl 51:17 - Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.)
Quando a comunhão é restaurada, Deus restaura o caído e sua situação. Esse é o terceiro passo no caminho da restauração.
4. ABANDONE O PECADO
14...e se converter dos seus maus caminhos
Até aqui o caminho da restauração parecia não levar em conta o motivo principal pelo qual houve a ferida e a quebra da restauração, a saber o pecado.
Não haverá restauração sem abandono de pecado. É necessário mais que consciência de pecado, e necessário o abandono dele. Ora as escrituras deixam muito claro que não se escarnece de Deus, não se brinca com Ele (Gl 6:7 - Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.), e que o pecado afasta a pessoa de Deus (Is 59:2 - Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.). Como querer restauração de comunhão e vida estando ainda o pecado reinando? Arrependa-se e o Bondoso Deus cuidará de suas feridas.
O arrependimento é o quarto passo no caminho da restauração, ele é humilhante pois requer reconhecimento de erro, mas é terapêutico pois o arrependido diz a Deus: “Eu errei, eu estava cego quando quis andar contra a Tua vontade, mas volto atrás e te peço perdão, me aceite por favor”
CONCLUSÃO
DEUS VAI TE RESTAURAR
...então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.
Quando a oração é feita com confiança, quebrantamento e sinceridade, não há o que se duvidar o Soberano escuta tal oração, tal súplica por perdão e restauração. Duas expressões são usadas para demonstrar esse concerto:
perdoarei os seus pecados: Deus promete não olhar com olhos de ira, mas de perdão, e ainda mais retirar a barreira entre nós e Ele. Sem falar no maravilhoso efeito terapêutico sobre o coração que é sentir-se perdoado.
sararei a sua terra: O contexto se referia a terra de Israel, castigada pela seca, gafanhotos e doenças. Mas que exemplo melhor poderia ser dado? Na restauração a sorte do ferido é mudada, o riso volta, a confiança e readquirida e o caminho prosseguido.
Corra para o Senhor hoje, Ele ainda é teu Deus, humilhe-se diante dEle e clame seu perdão, e Ele vai restaurar tua a comunhão, e tua vida, e quando o diabo ou as pessoas te apontarem o dedo, ao invés de se envergonhar como agora, você dirá ao seu coração: Eu já fui perdoado.
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