quinta-feira, 24 de julho de 2008

MEU SENHOR E PASTOR




Salmo 23

INTRODUÇÃO:

Escrito por Davi quando já era rei de Israel, o salmo 23 é poetizado em quatro quadros, o primeiro está nos versos 2 e 3a e mostram um pastor com suas ovelhas num local agradável onde o pasto é bom e a água limpa e parada. O segundo está nos versículos 3b e 4, o que se apresenta é esse pastor agora guiando seu rebanho por caminhos conhecidos por ele, e dando à suas ovelhas orientação e segurança mesmo nos trechos perigosos do caminho. A terceira cena (verso 5) é de alguém que se banqueteia com comida farta e bebida abundante. Finalmente o salmo se encerra com um quadro de um adorador continuamente no tabernáculo. Esses quadros trazem uma mensagem de segurança e nos leva a confiar completamente em Deus. O versículo 1 nos dá uma visão da perspectiva em que foi escrito do texto, é preciso entender o texto a luz desse verso,

1 O Senhor é o meu pastor: nada me faltará

Davi foi um rei pastor ou um pastor rei, e sabia muito bem ser soberano e cuidador; conhecia a cora real e a espada guerreira ao mesmo tempo em que conhecia a vara e o cajado consoladores; olhando para sua experiência ele entende Deus como o SENHOR, o soberano sobre todas as coisas, porém o vê também como pastor, como cuidador de vidas. Sua harpa e sua pena inspiradas pelo Espírito Santos nos apresentam nesse salmo um Deus dono amoroso, o Senhor pastor.

O salmista chama a Deus pelo nome. SENHOR no versículo um é uma tradução de Javé, nome pessoal de Deus. Javé é o nome que identifica Deus com seus atributos, o mostra como o auto-existente, eterno, criador e Senhor de tudo e de todos, digno de adoração, temível entre louvores, entronizado no céu. Contudo Davi o chama de meu; o SENHOR é meu pastor, pastor pessoal. Com isso o rei poeta está trazendo Deus para perto, está fazendo dEle mais do que um Deus distante e frio, mais do que um dono indiferente, Ele é meu pastor diz o rei de Israel, observe que aqui não se chama o Eterno de pastor de Israel, embora ele seja, nem proprietário do Universo, mas o tratamento é intimo e pessoal. Deus está perto, cuida pessoalmente dos seus, assim como um pastor que embora guiando um rebanho tem sempre cuidado não só pelo rebanho como todo, mas por cada ovelha em particular.

Mas o que esse salmo nos traz especificamente como promessa geradora de segurança? O que é esse nada que não falta? Seria o contrário de tudo o que se quer? Como esse texto vai nos atingir no aqui e agora?

1 MEU PASTOR ME DÁ PROVISÃO E PAZ

2 Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; 3a refrigera-me a alma...

Nesses versículos duas palavras falam de provisão, pastos verdejantes a águas tranqüilas e três falam acerca de paz, repousar, descanso e refrigério. Há aqui uma intima ligação entre provisão e paz.

No plano de existência humano-físico, quando falta o alimento, quando escasseia o pão a paz vai embora e os olhos que de serenos sorriam agora vislumbram o vazio, e se não choram molhando o rosto o fazem molhando o coração, pois quando o monstro da fome mostra sua cara feia foge a dignidade, e sem dignidade não há honra, e se não há honra não há homem, o que resta é roubar, furtar o alheio sendo assim, um criminoso; ou se entregar a mendicância e mendigar é viver das sobras, do sobejo dos outros.

Em 2Reis 6: 24 – 29 está registrado um caso de fome extrema que aconteceu em Samaria quando Ben-Hadade sitiou a cidade, não permitindo a entrada de alimento. Naquele cerco um episodio triste e emblemático mostrou o que pode fazer alguém com fome: Duas mulheres combinaram, morbidamente, matar, coser e comerem seus filhos pequenos. A primeira, preocupada, egoisticamente, com sua própria sobrevivência, matou coseu comeu seu filho, aquele que gerara por nove meses no seu ventre e por algum tempo amamentara em seu seio, e por dias viu suas lágrimas e sorriso infantis. A segunda, atendendo o instinto materno, escondeu seu ente e, mesmo sendo cúmplice e partícipe da atrocidade da primeira, não cometeu a loucura de matá-lo para saciar sua fome.

No existir emocional e espiritual também não é diferente, quando falta a paz e com ela a alegria, quando foge o riso, qualquer pessoa procurará o que for preciso para suprir, saciar sua alma e assim mendigará as baladas, picos, cigarros e pós, apego exagerado a alguma pessoa saindo do sentimento equilibrado para uma devoção doentia, afora outras idolatrias e afins que funcionarão como subterfúgios para a alma seca, mas ainda assim o estado de morte e vida severina não muda e se segue o caminho do sucumbir como aquele filho pródigo de Lucas 15 que começou se alimentando de farras e findou comendo comida de porcos.

As ovelhas sempre preferem o pasto mais tenro, mais verde, é um animal de hábitos seletivos. Também não gosta de beber em locais de águas correntes por que sua audição é muito acurada e o barulho da correnteza as incomodam, daí elas preferirem lagos, águas paradas, tranqüilas que não lhes cause estresse. Claro que se não houver alternativa, para não sucumbir elas vão comer e beber o que não lhes agrada mas isso lhes será custoso, estressante, se alimentarão para não morrer, mas não terão contentamento e paz.

O trecho em tela nos fala que Deus nos dá mais que o simples necessário para subsistir, mas nos leva àquilo que nos traz paz, nos alimenta com o que nos farta o ser e refrigera a alma, nos conduza oásis em meio aos desertos da vida. Pulo disse em Filipenses 4: 7 que há uma paz ininteligível, transcendente a formulações intelectuais, que não é para ser teorizada mas sentida e vivída. Essa paz, diz ele, guardará nosso coração e o nosso espírito. Jesus esclareceu melhor essa paz, Ele diz em que essa é a que Ele mesmo dá e que é diferente da do mundo (Joa 14:27 - Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.), ela doma a ânsia e acalma a alma, essa é a paz que gozam as ovelhas do supremo pastor.


2 MEU PASTOR ME DIREÇÃO E SEGURANÇA

3b... Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. 4. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo: a tua vara e o teu cajado me consolam.


A cena pintada pelo espírito e pela harpa de Davi agora é de um pastor que conduz seu rebanho por veredas e vales usando seus instrumentos comuns de trabalho, a vara e o cajado.

A caminhada de cada um é um mistério em particular ninguém jamais fez o percurso de volta que possa dizer eu conheço bem a estrada da vida, ela é sempre cheia de surpresas, de retas onde se pode correr com relativa segurança e de curvas perigosas; a vida é cheia de vales e veredas, e tem que ser trilhada a menos que se queira parar no meio do caminho.

Há aqueles que já caminharam um pouco mais, seus cabelos brancos denunciam que passaram por longos trechos da estrada, e sendo assim conhecem um pouco sobre o caminhar, mas ainda que possam esse pouco, sua ajuda não será suficiente já que a estrada de cada um é diferente.

Na caminhada surgem indefinições, horas em que é necessário tomar decisões extremas, são vales de sombra da morte que a dinâmica de viver nos impõe. Segurança e direção são duas necessidades fundamentais para atravessar os desertos da vida. Há quem queira fazer seu próprio caminho, mas as escrituras dizem que isso resultará mal (Pro 14:12 - Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.)

O bom pastor promete nos guiar pelas veredas da justiça, caminhos retos, firmes e seguros para se andar, e ele o pode por que além de ter amor pessoal pelas suas amadas ovelhas, como onisciente Deus também conhece cada metro, cada curva da existência de cada um, e se é assim a ovelha pode andar confiante (Sal 37:5 - Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará.). Davi deve ter lembrado das vezes que livrava o rebanho do seu pai que estava aos seus cuidados, não exitando enfrentar ursos e leões para livrá-las (1 Samuel 17: 34 Então disse Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; e quando vinha um leão e um urso, e tomava uma ovelha do rebanho,35 Eu saia após ele e o feria, e livrava-a da sua boca; e, quando ele se levantava contra mim, lançava-lhe mão da barba, e o feria e o matava.), há que grande confiança tem os que entregam seu caminho a Ele.

Mas o bom pastor tem tão grande amor pelas ovelhas que as vezes as fere, para que ela não se desvie da trilha a ser seguida, a vara do Senhor é uma demonstração do seu amor (Pro 27:6 - Leais são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do inimigo são enganosos.).

Conta-se que um grupo de turistas em excursão pela palestina viu um pastor de ovelhas locais quebrando a perna de uma ovelha, e em seguida fazendo uma tala de imobilização. Furiosos e intrigados com a situação os turistas pediram ao guia que perguntasse ao pastor por que ele cometeu aquela maldade, ao que o pastor respondeu:

- Essa ovelha é rebelde, já fugiu duas vezes, eu a encontrei doente e exposta a perigos, então resolvi quebrar a perna dela, sei que vai me dá mais trabalho porque vou ter que carrega-la nos braços, mas ao menos assim ela não foge e não morre. É por amor e para preservação de vida que o Bom Pastor usa sua vara (Hb 12: 6 Porque o Senhor corrige o que ama,E açoita a qualquer que recebe por filho.)


3. MEU PASTOR ME DÁ ALEGRIA NESSA VIDA E CERTEZA DE VIDA ETERNA.

5 Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. 6 Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre.

Há duas “teologias” extremamente nocivas mas muito comum na atualidade, a teologia da prosperidade que ensina a necessidade de se obter riqueza e saúde para com ela se demonstrar a benção do Senhor na vida do crente, e a teologia da miserabilidade que prega o sofrimento contínuo nesse eon em contraste ao gozo eterno do porvir, os crentes desse pensamento acham que a vida com Deus nessa era se resume ao vale de lágrimas e sombras, uma vida cinza, pálida, sem momentos de efusivos. Contrastando e reagindo a tal ensino cantamos o velho:

Esse vale em que eu ando é de benção e paz

Porque tenho comigo a Jesus

Por seu sangue aos humildes garante perdão

Com poder Ele os enche de Luz

Deus nos paz, uma paz inimaginável, como vimos acima, mas essa paz que sobrevive às tristezas que nos assaltam, muitas vezes transborda, transpira sobremaneira, e o suor da paz é a alegria, que de tão intensa é impossível que seja maquiada, como disse o salmista (Salmo 126: 2 Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cântico; então se dizia entre os gentios: Grandes coisas fez o Senhor a estes.)

A terceira cena do salmo em tela tem símbolos, metáforas de alegrias que nos dizem como é essa sensação maravilhosa produzida pelo Senhor:

Banquetes eram dados em ocasiões especiais, de alegria, folguedo, celebrações (Ex o desmame de Isaque Gen 21:8 - E cresceu o menino, e foi desmamado; então Abraão fez um grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado. Cf. Pro 15:15 - Todos os dias do oprimido são maus, mas o coração alegre é um banquete contínuo.) é o tempo de Juntar os amigos e celebrar, de compartilhar alegria de contagiar com o vírus da felicidade.

Óleo aromático também é visto associado com alegria contagiante, e de mudança de estado (Pro 27:9 - O óleo e o perfume alegram o coração; assim o faz a doçura do amigo pelo conselho cordial; Ecl 9:8 - Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.; Isa 61:3 - A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado.). Se há momentos de lutas na caminhada, há momentos que alcançamos as planícies, essa roda gigantes é destinada aos simples e verdadeiros e quem sabe confiar nos extremos, cantará nos altos, e sua alegria será percebida, notada e apreciada como alguém que se perfuma, afinal que mais poderia dizer da felicidade de alguém senão um apreciado aroma?

Vinho é um símbolo de alegria embriagante (Sal 104:15 - E o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem.) e o riso é incontrolável, ao menos nos olhos sempre é, momentos que estamos como criança que ganha um presentinho do pai. Deus nos dá embriaguez de felicidade e é bom que se saiba disso, para que não se castre o riso e o brilho nos olhos.

Mas devemos nos confortar apenas com o que é efêmero. Um dia tudo vai murchar, e o que será de cada um depois da linha da fronteira, depois que o cântaro se despedaçar junto à fonte, depois que os olhos definitivamente se fecharem nessa existência?

O quarto e último quadro do texto em que meditamos nos dá uma bendita esperança de que quando se formos daqui temos uma morada eterna reservada no lugar onde agora Jesus está, esse lugar se chama céu, e ainda que se multipliquem palavras para dizer o que ele é, nenhuma soará mais bonita que ela mesma, céu. Como é bom poder cantar:

Céu lindo céu, céu lindo céu

eu vou pra o céu , lindo céu,

com cristo vou morar no lindo céu

O tabernáculo era o lugar onde estava a arca da aliança, símbolo da presença de Deus , está no tabernáculo era está na casa de Deus por isso Davi queria tanto está lá (Sal 84:10 - Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos ímpios.) No apocalipse o Tabernáculo é símbolo do céu (Apo 15:5 - E depois disto olhei, e eis que o templo do tabernáculo do testemunho se abriu no céu.)


CONCLUSÃO:

Que fazer com essa maravilhosa mensagem? Como viver diante de Deus e dos homens mediante o que nos ela nos ensina?

O melhor modo é deixar que ele saia a mente, sente no coração e o impulsione a construções de vida, de dia a dia com confiança no Soberano pastor.

Conta-se que uma igreja fez uma gincana e uma das provas era recitar o salmo do pastor.

A primeira equipe trouxe um jovem recém formado em direito que eloquentemente declamou a poesia bíblica. Ao fim de sua exibição todos o aplaudiram euforicamente.

A segunda equipe foi representada por um senhor de idade bem avança e cabelos brancos, que desde sua mocidade servira fielmente ao Senhor. Ele, com a voz embargada, pausada, citou com muita singeleza o salmo. Ao vim houve um silencio lúgubre, sepulcral, e der repente todos perceberam lágrimas brotarem dos seus olhos molhando seus rostos.

O Jovem citou uma passagem bíblica que ele decorou e ensaiou, o velho contou sua história.





Dedicação:

Pr Antônio Neto (In Memorian)

Pb Miguel Guedes (In Memorian)

Pb Ozeno Figueiredo

Pb Pedro Nunes

Irmã Lúcia Medeiros

Irmã Silvanira.

Pr Clayton

Dra. Joyce Clayton.

E outros que não lembro agora!

Um comentário:

Anônimo disse...

oi boa tarde meu nome e lurdes e acabei de ler a mensagem do pastor e suas ovelha e no texto onde fala do pastor que quebrou a perna da ovelha para protegela nao me contive. tenho3 filhos 2 meninos e 1 menina e estou passagem muita dificuldade com ela e adolecente de 12 anos e hoje pedi a DEUS quando foi pesquisar no seti algo que ajudasse a ajudala e entao encontrei vcs bjss muita paz.

Pesquisar este blog